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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Via Aérea Difícil em Neonato com Encefalocele Posterior Gigante

Colegas,

Segue relato de caso enviado por um aluno do curso do CTVA que será apresentado no congresso da ASA em Chicago nesse ano (2016).


INTRODUÇÃO:

Pacientes apresentando encefalocele, um quadro clínico raro, faz do ato anestésico um desafio. Encefalocele é o defeito do tubo neural que se caracteriza pela protrusão do cérebro e meninges através de um defeito no crânio. Além dos cuidados inerentes da anestesia pediátrica, o anestesista tem que lidar com o posicionamento incomum, dificuldade de intubação traqueal e anomalias associadas durante o curso perioperatório. A utilização de testes preditivos na avaliação da via aérea difícil, como parte da rotina clínica é limitada na população prediátrica e em especial na população neonatal. A ocorrência de anomalias congênitas pode ser um indício para o potencial dificuldade de intubação.

RELATO DE CASO:
Paciente neonato feminino, 12 dias, 2.260 kg, estado físico PII e avaliação cardiológica classe I, com quadro de encefalocele grande em região occipital íntegra associado a microcefalia, submetida a tratamento cirúrgico de encefalocele posterior gigante. Monitorizada com SpO2, PANI, ECG (DII e V5), ETCO2, temperatura esofagiana e diurese. Realizado indução anestésica EV com fentanil (0,7mcg/kg) e propofol (2,7mg/kg). Realizado intubação orotraqueal em decúbito lateral esquerdo com tubo orotraqueal número 2,5 e manutenção com sevoflurano e óxido nitroso sem intercorrências. A ventilação manual sob máscara foi fácil e monitoriazada através da capnografia. Como dispositivos de resgate, havia dispositivo supraglótico tipo máscara laríngea, videolaringoscópio Airtraq Neonatal e equipe cirúrgica pronta para realização de cricotireoidostomia por punção ou traqueostomia se necessário. O procedimento cirúrgico ocorreu sem intercorrências, sendo encaminhado para UTI Neonato estável hemodinamicamente e entubado, sendo extubada no pós-operatório tardio sem intercorrências.

DISCUSSÃO:
O manejo de crianças com encefalocele gigante requer o conhecimento atualizado sobre as possíveis dificuldades encontradas durante o período perioperatório. Eles precisam de cuidados anestésicos especializado para lidar com a intubação traqueal difícil, anomalias congênitas associadas, posicionamento incomum, distúrbios hidroeletrolíticos, hipotermia e distúrbios cardiorrespiratórios. A antecipação à possíveis eventos complicadores, uma atenção integral multidisciplinar durante o período perioperatório além de um bom entrosamento com a equipe cirúrgica são fatores essenciais para a realização de um procedimento seguro.

REFERÊNCIAS:
- Walia B, Bhargava BP, Sandhu K. Giant Occipital Encephalocele. MJAFI. 2005;61:293– 4. 


O CTVA agradece ao Dr. Cirilo Haddad por ceder esse caso em nosso BLOG!

2 comentários:

  1. Caro Cirilo,
    Agradeço por compartilhar o caso em nosso blog pois é assim que aprimoramos nosso conhecimento. Esse caso demonstra que ter a estratégia é fundamental e isso ficou claro durante o seu relato. Você tinha vários dispositivos para pronto uso caso as coisas não caminhassem de acordo. Cabe salientar que cricotireoidostomia em crianças abaixo de 2 anos é tecnicamente muito desafiadora pois as cartilagens tireóide e cricóide ainda são muito pouco definidas e a membrana é muito pequena dificultando a sua localização para a técnica de punção.
    Pelo que entendi, apesar do possível desafio, a laringoscopia direta foi efetiva no manejo da via aérea o que nos faz lembrar que ainda é um dispositivo que tem uma alta taxa de sucesso. Gostaria de saber qual a lâmina que usou e número.
    Abraço,

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  2. Caro Dr Daniel,

    Muito obrigado pela oportunidade. Utilizamos a lâmina reta número 1,0. Foi tranquilo e sem intercorrências. Colocar o paciente em decúbito lateral esquerdo facilitou para o sucesso do procedimento. Abraços

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