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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

DR. ARTHUR ERNEST GUEDEL - INOVADOR





O Dr. Arthur Ernest Guedel (1883-1956) é um daqueles médicos que devemos usar como exemplo em nossas carreiras profissionais.


Nasceu na cidade de Cambridge (Indiana - USA). Deixou a escola com 13 anos para ajudar a família financeiramente. Após um acidente de trabalho, perdeu 3 dedos da mão direita, sendo destro. Com ajuda do médico da família, formou-se em medicina em 1908.

Foi responsável pela descrição dos 4 estágios da anestesia geral:
1- Indução: início da administração até a perda da consciência;
2- Agitação, apnéia e delírio: da perda da consciência até o início da anestesia cirúrgica
3- Anestesia cirúrgica: caracterizada pela respiração automática, regular e profunda
4- Paralisia bulbar: respiração irregular ou apnéia e pupilas não fotorreagentes


Nessa época, a anestesia geral era realizada principalmente com éter. Ele modificou o plano 3 para melhor caracterizar a profundidade da anestesia dividindo-o em 4 planos.
Dr. Guedel serviu o Exército Americano na França, durante a Primeira Guerra Mundial. Eram poucos os anestesistas no "front" de batalha e ele decidiu ensinar outros colegas e enfermeiros a fazer anestesia. Criou uma tabela de profundidade anestésica e começou a supervisionar os colegas em seis hospitais. Para isso, utilizou uma moto e ficou conhecido como o "anestesista da motocicleta" durante a Grande Guerra.
Voltou para os Estados Unidos em 1919 e em 1929 mudou-se de Indiana para Los Angeles. Em 1933 publicou no JAMA um artigo intitulado "A non traumatic pharyngeal airway" descrevendo o dispositivo que levou seu nome "cânula de guedel" como uma cânula orofaríngea de borracha com peça de metal de 2 cm no seu interior para evitar obstrução das vias aéreas. Essa idéia surgiu pois a cânula anterior de metal causava traumas na mucosa oral, lábios e algumas vezes nos dentes dos pacientes.


O primeiro a descrever uma cânula orofaríngea foi Sir Frederic W. Hewitt (1857-1916). Isso ocorreu em 1908, aproximadamente 60 anos após a introdução da anestesia com éter. Esse dispositivo foi fantástico pois o conceito de obstrução das vias aéreas durante anestesia geral foi reconhecido como problema frequente e foi denominado de "auto-asfixia".


A cânula de Hewitt consistia de um anel metálico, circular, com diâmetro interno de 12,7 mm e um sulco profundo na circunferência externa que permitia segurar o dispositivo firmemente com os dentes.



Voltando ao Dr. Guedel, foi ele quem criou o primeiro tubo traqueal com "cuff" junto com o Dr. Ralph M. Waters em 1928. Para provar a eficiência do seu tubo usou seu cachorro apelidado de "AIRWAY". Anestesiou e intubou o animal deixando-o mergulhado am água durante a palestra a ao final acordou e extubou o cãozinho que sacudiu-se para tirar o excesso de água dos pelos.

A cânula de Guedes é utilizada até hoje na maioria dos hospitais e a modificação foi fazê-la em material plástico.

Esse "post" tem como objetivo convidar os leitores a criticarem seus procedimentos rotineiros e observar aquilo que não funciona e que pode ser melhorado. As ideias fantásticas surgem de questionamentos básicos das nossas atividades rotineiras. Sejamos criativos e inventivos!!!!

Abraços.

Fontes:
blogs.library.ucsf.edu;
daveairways.wordpress.com;
thefreelibrary.com;
Anaesthesia, 2009, 64, pages 435-438

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

CTVA NO AIRWAY GAZETTE

O Dr. Maurício do Amaral Neto, representante do Capítulo Brasileiro da SAM escreveu suas impressões sobre o WAMM (Congresso Mundial em Dublin). O objetivo do CTVA é sempre estar conectado ao que tem de mais moderno no manejo das vias aéreas e poder compartilhar os conhecimentos de forma responsável.
Lembramos a todos que é muito interessante filiar-se à SAM pois isso dá acesso aos melhores especialistas do mundo, além disso, pode-se discutir assuntos  e apresentar casos através do forum e a novidade é que para aqueles que querem fazer o curso regular do CTVA em São Paulo, caso façam a filiação na SAM terão 10% de desconto na inscrição do nosso curso. Isso faz com que a inscrição na sociedade saia praticamente de graça.




terça-feira, 19 de janeiro de 2016

INTUBAÇÃO RETRÓGRADA: OBSOLETA?

Caros colegas,

Durante minhas leituras sobre técnicas alternativas de intubação li esse artigo de revisão sobre a Intubação Traqueal Retrógrada. Apesar de ser um artigo não muito recente, ele descreve bem as indicações, as várias técnicas descritas (usando o "kit" original e os métodos não convencionais) e também as complicações inerentes ao procedimento. VALE A LEITURA!
A grande pergunta é: porque essa técnica tem sido pouco comentada nos cursos de manejo de vias aéreas nacionais e internacionais???
Na minha opinião, com o aumento do uso dos dispositivos supra ou extraglóticos associado a sua eficiência, as técnicas ditas invasivas estão perdendo espaço e com menos treinamento, deixam de ser opção no tratamento de um paciente com via aérea difícil.
Por outro lado, essa técnica é de grande valia em pacientes em que a anatomia da laringe ou faringe está distorcida e que não existe parâmetro anatômico para realização de intubação com os dispositivos habituais como laringoscópio, videolaringoscópio e bougie. Também, nesses paciente com anatomia alterada, a chance de falha de um supraglótico é aumentada e realizar a intubação pode ser realmente um grande desafio. Além disso, pacientes com grandes sangramentos de via aérea superior e/ou secreções (saliva copiosa ou conteúdo gástrico) podem tornar a intubação extremamente difícil.
Acredito que essa técnica não pode ser abandonada pois apesar de menos indicada nos dias atuais, é mais uma alternativa que, se bem empregada, auxilia no manejo das vias aéreas de pacientes que necessitam serem intubados. Ressalto, para os menos atentos, que essa técnica necessita de tempo para ser realizada e nunca devem ser indicadas em pacientes que não podem ser ventilados/oxigenados e que a saturação de oxigênio começa a cair.

Abraço a todos,

Daniel Perin


"KIT" DISPONÍVEL COMERCIALMENTE PARA IOT RETRÓGRADA