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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Intubação Orotraqueal em caso de Tumor Cervical

Colegas,

Tive a oportunidade de conduzir outra intubação em paciente com tumor cervical (C1-C2) que tinha fratura de femur e fratura de úmero. Foi escalado para correção dessa fratura e uma colega solicitou ajuda para realizar a intubação para anestesia geral. 
Mais uma vez, esse paciente fazia uso contínuo de colar cervical e o maior risco é a intubação com possível lesão medular por fratura e compressão medular.
Como sou fã de broncofibroscopia e acho a melhor opção para esses casos, fiz anestesia tópica de orofaringe e "Spray as you go" pois não acho razoável tirar o colar cervical para fazer a anestesia translaríngea mesmo estabilizando a coluna cervical. Muito risco para pouco benefício. Foi realizada a intubação orotraqueal sem intercorrências.
Tumor cervical (branco) em ressonância magnética
Com esse segundo caso de tumor cervical, quero deixar uma mensagem para os leitores: não basta saber fazer uma via de abordagem no manejo de via aérea e muito menos saber somente uma técnica. Devemos saber manipular o broncofibroscópio e as vias oral e nasal sem medo pois em algumas situações será mandatório usar uma ou a outra técnica e digo a mesma coisa dos bloqueios para anestesia tópica.
Quanto mais individualizarmos o tratamento de nossos pacientes, melhor.

Boa semana a todos,

Daniel Perin

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Tumor Cervical e Fratura de Mandíbula

Caros colegas,

Após 4 dias de intensa discussão sobre VAD no 10o COPA, fui avaliar um paciente ontem à noite para realizar operação hoje.

Paciente G.R., 59 anos com Linfoma não Hodgkin de alto grau, HAS, Taquiarritmia ventricular e DM tipo II apresenta metástases em vários lugares do corpo inclusive cervical (C2) e fratura patológica de processo odontóide. Apresenta apnéia do sono sem diagnóstico. Usa continuamente colar cervical. Apresenta anemia (Hb:10,9) e demais exames de sangue normais inclusive coagulograma. Nega alergias.
Estava viajando quando sentiu forte dor na região da mandíbula. Retornou e descobriu fratura importante de ramo mandibular.
Optou-se por realizar redução cirurgica da fratura sob anestesia geral.
Peso:71kg, Alt:1,80, PA:110x80, FC:92, jejum ok
Seguem fotos:
Mallampati 4
Abertura bucal de 2 cm

Fratura de Mandíbula
A intubação deveria ser nasal pois a fratura seria corrigida por incisão externa e interna na boca e o tubo atrapalharia a cirurgia.
Foi realizada anestesia tópica com sedação consciente e INT com auxílio de fibroscópio adulto através da técnica "spray as you go", mantendo o colar cervical.
Intubação sem intercorrências, cirurgia realizada em 2 horas e paciente extubado em sala sem maiores problemas.
Um abraço a todos e boa semana,

Daniel Perin                                                  


domingo, 14 de abril de 2013

REVISANDO A REVISÃO DO ASA 2013 ALGORITMO DE VIA AÉREA DIFÍCIL

Pessoal . Saiu o novo Algoritmo da ASA 2013 para via aérea difícil. (Já citado em post anterior).
http://journals.lww.com/anesthesiology/Fulltext/2013/02000/Practice_Guidelines_for_Management_of_the.12.aspx
Novidades: introdução dos videolaringoscópios, validação dos outros supraglóticos além da Máscara Laríngea.
Atualizações são úteis para informar sobre os avanços tecnológicos e é a oportunidade de revisar as técnicas e os procedimentos que estão sendo recomendados ou que servem de diretrizes.
Mas cada vez mais precisamos ser críticos e ter bom senso!
Mesmo a ASA pode cometer alguns equívocos !

No Algoritmo 2013 seguindo o cenário emergencial onde falha ventilação, falha intubação e falha resgate com supraglótico a recomendação é :

“Emergency invasive airway access(b) ” (b: Invasive airway access includes surgical or percutaneous airway, jet ventilation and retrograde intubation)

INTUBAÇÃO RETRÓGRADA
é uma técnica que demanda tempo e preparação, não pode ser uma alternativa neste momento de EMERGÊNCIA.
Muito provavelmente foi um erro de impressão e não conceitual do pessoal do ASA, mas vale a pena o comentário e o puxão de orelha no revisor.