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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

EDEMA DE REINKE (REINKE'S EDEMA) E O MANEJO DAS VIAS AÉREAS



Caros Colegas,

Hoje coloco uma doença que não é muito divulgada mas que pode comprometer as vias aéreas. Isso porque nesse mês saiu um artigo na Anesthesiology (Anesthesiology 10 2018, Vol.129, 810. doi:10.1097/ALN.0000000000002259) comentando o tema.

EDEMA DE REINKE

O espaço de Reinke compreende a parte não muscular das cordas vocais. O espaço também é conhecido como matriz subepitelial da mucosa da corda vocal (também conhecida como lâmina própria superficial).



Quando esse espaço está edemaciado fala-se do Edema de Reinke. É uma doença benigna da laringe na qual ocorre degeneração polipódio difusa das cordas vocais normalmente precedida por uso crônico de tabaco.

Acredita-se que a irritação crônica altera a permeabilidade da parede capilar levando a extravasamento de liquido para o espação de Reinke assim como congestão vascular e estase venosa.





CAUSAS: a principal é o tabagismo crônico mas pode decorrer também de Refluxo Gastroesofágico, doenças da tireóide, alterações hormonais e decorrente de utilização excessiva da voz.

SINTOMAS: Voz rouca (rouquidão), voz baixa e respiração ofegante intermitente ou continua dependendo do estágio da doença.

CLASSIFICAÇÃO:

Grau 1: Degeneração polipoide mínima da corda vocal ocupando até 25% da fenda glótica

Grau 2: Lesão polipoide expandida ocupando entre 25% e 50% da fenda glótica

Grau 3: Lesão polipoide expandida ocupando entre 50% e 75% da fenda glótica

Grau 4: Lesão obstrutiva independente do lado ocupando mais de 75% da fenda glótica




TRATAMENTO: O tratamento consiste em parar de fumar, tratar a causa de base como por exemplo o refluxo, tratamento fonoaudiologo e finalmente cirurgia.

MANEJO DAS VIAS AÉREAS: Normalmente existe estreitamento da fenda glótica. A utilização de supraglótico com pressão positiva pode NÃO ser eficaz pois pode arcar as cordas vocais fechando a fenda glótica e isso pode ser confundido com laringoespasmo. Deve-se observar as cordas vocais com um fibroscópio e utilizar um tubo fino para concretizar a intubação preferencialmente com anestesia tópica preservando a ventilação espontânea. A extubação desses pacientes também pode ser um problema e deve ser feita preferencialmente após a realização do "cuff leak test" e com o auxílio de uma sonda trocadora de tubo. Outra forma de avaliar o edema é através de videolaringoscopia ou laringoscopia convencional.

OBSERVAÇÃO: Pacientes que não tem a doença mas ficam muitas horas em cirurgia na posição de trendelemburg e com muita hidratação venosa podem também apresentar quadro parecido de edema de vias aéreas.

Referências Principais:

1)Sreedharan, R.; Chhabada, S.; Khanna, S.. Reinke's edema: Implications for Airway Management. Anesthesiology 2018; (129):810
2)Tan, M.; Bryson, PC.; Pitts, C.; Woo, P.; Benninger, MS.. Clinical grading of Reinke's Edema. The Laryngoscope 2017; (00):01-04