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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

"MENOS É MAIS" EM VIA AÉREA DIFÍCIL

Em 2015, foi publicado um artigo interessante sobre o tema "fatores humanos" na  "British Journal of Anesthesia" pelo Dr. K.B. Greenland que vale a leitura. Faremos uma tradução livre. Esse artigo é gratuito.


Esse não é um tema novo. O CTVA, durante o congresso de 2014 (BRA- Brazilian Routines for the Airways), teve a oportunidade de acompanhar a palestra do Dr. Felipe Urdaneta (USA) mostrando uma visão diferente e complementar do manejo das vias aéreas.

Fatores Humanos:
O impacto psicológico complexo  no anestesiologista quando confrontado com uma via aérea difícil não prevista tem sido assunto de muitos estudos recentes. Flin e colaboradores desenvolveram uma taxonomia para habilidades não técnicas cuja classificação foi: situações preocupantes; tomada de decisão, realização da tarefa e trabalho em equipe.

Paradoxo da Escolha:
Em 2004, um psicólogo americano (Barry Schwartz) escreveu o livro:  O paradoxo da escolha: porque menos é mais. Ele discute que a redução do número de escolhas disponíveis diminui significantemente a ansiedade das pessoas.
O termo "overchoice", que eu traduziria como: muitas possibilidades, tem dois pre-requisitos.  Primeiro, o praticante não tem uma preferência clara de qual estratégia é mais adequada para aquela situação de via aérea.  Segundo, o praticante acredita que não tem as habilidades necessárias para fazer a escolha correta em uma situação de VAD. Caso seja chamado ajuda de outro colega, o problema de decisão pode acabar.

Paralisia da Análise:
Esse é outro pensamento patológico  que pode ocorrer. O praticante faz muitas análises das opções para o tratamento da via aérea difícil com o intuito de achar a melhor opção. Como consequência, ao invés de tomar uma decisão, nenhuma ação é tomada. O medo de tomar a decisão errada bloqueia as ações e ocorre a omissão.

O novo algorítmo da DAS deu um importante passo para simplificar as escolhas. Eles também descrevem as técnicas (NODESAT e THRIVE) para aliviar a pressão do tempo no momento de queda da saturação no processo de tomada de decisão.

Paradigma Diagnóstico-manejo

O aprendizado da via aérea normal e difícil deveria começar com o conhecimento da morfologia da via aérea e quais os tratamentos específicos para cada situação. Algoritmos simples e dispositivos de fácil manuseio são a chave para promover essas condições de trabalho.
Com o tempo, devemos procurar um único algorítmo internacional reconhecido para a VAD e encorajar a abordagem com os médicos emergencistas e da terapia intensiva para uso multidisciplinar.

Vejam essa tabela que mostra a base do processo seletivo dos dispositivos de VAD.


Abraços.

2 comentários:

  1. Conhecimento solido sobre o tema e uma maneira clara , rápida e precisa que ajude ou oriente na tomada de decisão correta: este é o SANTO GRAAL da via aérea. É um objetivo que sempre buscamos , mas infelizmente nunca alcançado plenamente. Conhecendo as limitações e as falhas HUMANAS devemos evoluir e aperfeiçoar os algoritmos e protocolos, para que sejam cada vez mais diretos , de fácil entendimento e aplicáveis para varias especialidades. Ótimo artigo.
    Mauricio Malito.

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  2. Acredito que especificamente via aérea é um assunto que todo médico deve dominar e a maneira de diminuirmos a falha é através de ensino e treinamento constante para não perder as habilidades nas situações de menor frequência na vida cotidiana. Obviamente, quando as orientações são diretas é sempre mais fácil. Devemos sempre pensar em todas as especialidades e usar os dispositivos com maior índice de sucesso e que requer a menor habilidade possível do operador.

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