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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

"OLHO DE MURPHY"- UTILIZAMOS TUBOS TRAQUEAIS TODOS OS DIAS E SABEMOS QUAL A REAL FUNÇÃO DO "OLHO DE MURPHY"?

Na Revista Anesthesiology, em 2010, o Dr. John Forestner descreveu com muito cuidado a biografia do Dr. Francis J. Murphy; o idealizador do olho de Murphy.
Segue um resumo do artigo:

O Dr. Francis John Murphy nasceu em 11/03/1900 na cidade de Oldham, Dakota do Sul. Foi o primogênito de três filhos. Sempre gostou de ser chamado de Frank. Quando tinha 9 anos, sua família mudou para uma fazenda em Alberta (Canada). Quando acabou a escola, foi para a Universidade Gonzaga em Spokane (Washington). Ficou um ano e logo após pediu transferência para a Universidade de Alberta em Edmonton mas como essa universidade não oferecia o diploma médico, ele foi transferido para a Universidade McGill em Montreal (Canada), aonde terminou sua graduação em 1925.
Foto do Dr. Murphy na Graduação.




Depois de graduado, casou-se com Anne Scullin, enfermeira nascida em Montreal e teve 2 filhas (Margaret e Elizabeth). Durante a Segunda Guerra Mundial, alistou-se na Marinha e foi Chefe da Anestesia no Hospital Naval de Pearl Harbor. Após a guerra, foi convidado para ser o Chefe de Anestesia da Universidade da California (São Francisco). No final da década de 50, foi dispensado pela universidade que alegou que seu programa de residência não tinha a qualidade necessária para o treinamento dos novos anestesiologistas.

Comandante Frank J. Murphy
Em 1953, comprou um rancho em "Hoodoo Valley" próximo a Spirit Lake, Idaho. Depois de sua saída da universidade, ele trabalhou em Montana de 1959 até sua aposentadoria em 1970. Faleceu 2 anos mais tarde de câncer de bexiga.

"OLHO DE MURPHY":

Os tubos traqueais foram usados pelas primeiras vezes em meados de 1930, confeccionados por anestesiologistas que tinham os seus próprios tubos derivados de catéteres uretrais e retais. Somente a partir da década de 40 que os tubos passaram a ser manufaturados.

Em 1941, Dr. Murphy, descreveu em seu artigo dois desenhos de cateteres intratraqueais introduzindo a idéia de que tubos multi-orificiais poderiam aumentar a segurança nas anestesias. Os tubos continham um orifício distal com corte diagonal (descrito por Magill duas décadas antes para facilitar a passagem do tubo pelas cordas vocais) e 1 ou 2 orifícios (ovais) na lateral do tubo para evitar a obstrução  completa do tubo por muco. O Dr. Murphy não mencionou obstrução anatômica do orifício distal. Isso só foi comentado em um livro escrito por John Lundy em 1942.

Obstrução Anatômica do orifício distal do tubo traqueal.
Ilustração do formato do tubo traqueal descrito pelo Dr. Murphy. Na parte superior, estilete de metal para auxiliar a introdução do tubo traqueal.
Essa inovação alterou o formato dos tubos traqueais quase imediatamente. Era uma solução simples para dois problemas: obstrução anatômica e obstrução mecânica por secreções. A posição do "olho de Murphy" na parede lateral direita do tubo também ajuda na preservação da ventilação do óstio do lobo superior direito nos casos em que o tubo fica seletivo à direita. Não se sabe se o Dr. Murphy reconheceu essa vantagem relativa ao seu orifício lateral!

O Dr. Gillespie erroneamente, atribuiu os créditos da introdução de um balonete de insuflação no tubo para o Dr. Murphy. Porém, a colocação de um balonete foi sugerida inicialmente pelo Dr. Ralph Tovell (1901-1967) da Clinica Mayo.

O Tubo com balonete e "olho de Murphy" que o Dr. Murphy utilizou durante sua prática clínica continha suas iniciais inscritas na lateral ("F.J.M.").

O MAIOR LEGADO QUE O DR. MURPHY NOS DEIXOU E QUE JA DURA 70 ANOS FOI O "OLHO DE MURPHY"

Cordiais saudações,

Equipe CTVA

2 comentários:

  1. Pequenos detalhes podem fazer grande diferença !
    O Olho de Murphy foi uma ideia baseada em profundo conhecimento anatómico, criatividade e busca por segurança e pode prevenir complicações obstrutivas durante a ventilação mecânica.
    O Dr. Parker também avançou nesta aérea, redesenhando a ponta do tubo traqueal onde a extremidade distal tem uma angulação em direção a luz interna do tubo, parecendo como um "bico de papagaio", criou o Parker Flex Tip Tube. Esta apresentação evita que o tubo fique preso ou enganchado nos tecidos e estruturas faríngeas e laríngea, facilitando sua a progressão , principalmente quando orientados por um cateter guia ou um fibroscópio.

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