Caros Colegas,
Trago hoje para vocês a discussão de um assunto interessante através de um artigo publicado no British Journal of Anaesthesia em 2016.
Ele avaliou em um trabalho observational retrospectivo se a incidência de via aérea cirúrgica foi menor em um serviço universitário após a utilização de videolaringoscópio nesse serviço. Em quase oito anos de análise (JAN/2008 - DEZ/2015) foram realizadas 588.949 anestesias gerais e 32 acessos cirúrgicos emergenciais após tentativas de intubação e/ou passagem de supraglótico.
Dados interessantes e na minha opinião também intuitivos (FIG1):
1 - O número de anestesias gerais aumentou a cada ano de 51.445 em 2008 até 85.618 em 2015 seja com tubos traqueais ou supraglóticos.
2 - O número de pacientes intubados com videolaringoscópio aumentou de 391(1,8%) para 3.988 (16,7%) por ano.
3 - A taxa de intubação acordada com fibroscópio caiu de 0,26 para 0,13. (redução de 50%)
4 - A taxa de acesso cirúrgico emergencial nesse estudo foi de 0,37 para cada 10.000 casos variando entre 0,13 a 0,86 para cada 10.000 pacientes em diferentes anos. Essa taxa foi semelhante a um estudo anterior.
Eles discutem que a confiança dos anestesistas aumentou em pacientes com via aérea difícil após a introdução dos videolaringoscópios analisando o número decrescente de intubações acordadas com fibroscopia.
Porém, não houve mudança significativa na taxa de acessos cirúrgicos emergenciais no período peroperatório mesmo após a introdução e disseminação do videolaringoscópio.
Os autores encerram o trabalho dizendo que o treinamento do manejo das vias aéreas deve continuar e focar em habilidades básicas e também deve-se dar suporte para realização do acesso cirúrgico emergencial.
Trouxe a luz da discussão esse trabalho para mantermos na cabeça que apesar da avaliação de um paciente utilizando critérios clínicos/observacionais não tenha uma taxa de sucesso alta para prever aqueles pacientes que realmente serão desafiadores, devemos ainda manter as habilidades da anestesia tópica e intubação "acordada" pois o videolaringoscópio veio para agregar segurança mas não funciona em 100% dos casos.
Além disso e principalmente, precisamos manter nossas habilidades e sequencias de atendimento "frescas" em nossas cabeças na situação não intubo/não ventilo/não oxigeno com os dispositivos utilizados para o resgate da oxigenação.
Boa semana a todos,
Daniel Perin
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