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terça-feira, 28 de junho de 2016

Intubação Acordada (Awake Intubation) - Demora mesmo?

Caros colegas,

Em artigo recém publicado na Anesthesiology, o grupo do Hospital Mount Sinai de Nova Iorque, publicou artigo retrospectivo de avaliação das intubações realizadas com o paciente acordado ou após indução da anestesia.


Relata que as principais razões para NÃO se realizar intubações acordado são: 1)Quem vai intubar está preocupado com o desconforto e ansiedade do paciente durante a intubação acordada; 2)Experiência prévia do intubador que foi mal sucedida; 3)Intubação acordado depende do domínio da técnica de anestesia tópica e demanda tempo para a realização da mesma; 4)Falta de habilidade com o broncoscópio devido ao baixo número realizado levando o profissional a ficar desconfortável com a técnica e finalmente 5)Existe a idéia que intubações acordadas podem ser perigosas se causarem uma resposta simpática intensa.

Na discussão, relatam que diante de uma potencial via aérea difícil, o médico deve criar um plano que  aumente a eficácia e segurança para o paciente. O treinamento do médico e sua experiência, a cultura local do departamento e a disponibilidade de recursos devem ser levados em conta na elaboração do plano de atendimento. Deve-se considerar a intubação acordada em casos que existe: dúvida da capacidade de ventilar um paciente através de máscara facial ou supraglótico; dúvida que se consegue intubar com laringoscópio direto ou videolaringoscópio após indução e pacientes com possível laringoscopia difícil associado ao risco de broncoaspiração.

Nesse estudo retrospectivo, foram revisadas mais de 1000 intubações acordadas e o tempo adicional desse técnica foi de 8 minutos quando comparada à indução da anestesia geral. Também encontraram uma baixa taxa de complicações (1,6%) e taxa de falha (1%). Além disso, a intubação acordada não levou a alterações hemodinâmicas importantes (aumento de 13 bpm na frequência cardíaca talvez devido à administração do glicopirrolato)

Esse estudo tem suas limitações e não pode ser extrapolado para outras localidades no hospital como salas de emergência e unidades de terapia intensiva.

Na minha opinião, é um estudo interessante que mostra através da análise de dados retrospectivos uma situação que vivemos no dia-a-dia demonstrando que, quando bem estruturada, a intubação com sedação consciente não aumenta o tempo no manejo das vias aéreas de forma significativa. É uma alternativa que deve ser dominada por todo e qualquer profissional que realiza intubações, independente da sua área de atuação.

Boa semana a todos,

Daniel Perin